Devidamente produzidos, com maquiagem e cabelos arrumados, os cegos e pessoas com baixa visão do Centro Educacional “João Fischer Sobrinho” – Área Visual estrelaram, na noite de quarta-feira, 1º de setembro, o primeiro desfile de moda inclusivo de Limeira, realizado no Teatro Vitória. O evento faz parte da 5ª edição do “Vida Iluminada Entre Amigos”, promovido pela Prefeitura de Limeira, por meio do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), da Secretaria da Cultura, da Associação Mulher Unimed Limeira (Amul) e do Colégio Portinari.
Participaram do desfile 40 cegos acompanhados por 40 estudantes do Colégio Portinari, apoiador do evento. Outros importantes apoiadores foram Câmara Municipal de Limeira por meio do gabinete do vereador José Farid Zaine que atuou no ensaio do desfile e na organização do evento. A Banda Chapéu da Máfia abriu o evento com uma apresentação de “O Fantasma da Ópera” e finalizou levantando o público com animadas músicas italianas.
O estúdio Inez Miranda fez a produção fotográfica dos modelos. As lojas Crocante Brasil e Cana Caiana Boutique vestiram os 80 participantes e apresentaram as tendências da moda e os calçados apresentados no desfile foram selecionados da coleção da Peteca Calçados e Acessórios Infanto-Juvenil.
O primeiro desfile de moda da cidade protagonizado por cegos foi inteiramente inclusivo. Os surdos também prestigiaram o evento e contaram com duas interpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) da Associação dos Surdos de Limeira. Outra novidade experimentada pela primeira vez em Limeira foi o recurso da audiodescrição. Durante o desfile, o apresentador Ronald Gonçales descreveu de forma clara e objetiva as características dos modelos, como: cor de pele, número do manequim, cor e modelo da roupa, para que os cegos presentes no evento pudessem visualizar o que acontecia no desfile.
Angela Donati, 54 anos, do “João Fischer” que perdeu a visão já na fase adulta, aguardava com grande expectativa pelo início do desfile. Quando o apresentador anunciou seu nome, a ansiedade foi substituída por muita alegria e Angela mandou vários beijos para a plateia. A deficiente visual vestia calça social preta com zíper na barra e camisa listrada nas cores lilás, laranja, branco e preto e se dizia maravilhada com a experiência. “Essa é a primeira oportunidade de uma futura carreira de sucesso”, brincou Angela.
Na plateia, os pais aguardavam ansiosos e cheios de orgulhos pela entrada dos filhos. Karina Massaro, mãe de Maria Luiza Massaro Barros, 4 anos, que nasceu com catarata, se dizia empolgada com a entrada da filha no palco. “É uma experiência divertida. Não vejo a hora de vê-la desfilando”.
Vários casais fizeram sucesso na passarela. Um deles é Alexandre Aparecido Nascimento, 24 anos, do “João Fischer”, e Amanda Ibanez, 16 anos, do Colégio Portinari. Ele vestia calça jeans e camisa pólo vermelha e ela, saia jeans curta, blusa vermelha e camisa aberta na cor azul marinho. Os jovens ousaram na coreografia, pousaram para a apreciação do público e se divertiram com a situação e até com a bengala dele.
Quem recebeu muitos aplausos foi a pequena Nicoli Rodrigues Mota, 4 anos, do “João Fischer”. Com baixa visão, Nicoli trajava um lindo vestido rosa com bolas pretas e uma faixa de cetim com um laçarote nas costas. A menina ainda carregava uma pequena bolsa combinando com a roupa.
O desfile inclusivo reuniu em uma única apresentação crianças, adolescentes, adultos e idosos, de 4 a 74 anos, e apresentou ao público roupas e sapatos que vestem vários perfis, estilos e faixas etárias. Para o presidente do Ceprosom, Dionísio Gava Júnior, o desfile promoveu mais do que a acessibilidade e a inclusão do deficiente. “Esse evento representa uma oportunidade de mostrar à população que as diferenças entre as pessoas sempre vão existir, mas elas não limitam as pessoas”, avalia Dionísio.
Coral Vida Iluminada
Além dos modelos que desfilaram no evento, outra atração bastante esperada era a apresentação do coral Vida Iluminada, composto por cegos e pessoas com baixa visão do “João Fischer”, que recebe o apoio da Associação Mulher Unimed Limeira (Amul).
Sob a regência do maestro Márcio Glavão, o coral apresentou três canções: “We are the world”, “A coroa” e “Pra sempre vou te amar” e conferiu momentos de muita emoção ao evento inclusivo. A soprano Jéssica, do coral, ainda fez uma apresentação especial com a Banda Chapéu da Máfia e não deixou a desejar ao interpretar a canção “O príncipe do Egito”.
Márcio, que assumiu o coral há dois meses, diz que a proposta atual é oferecer um repertório que agrade a todos os gostos, do estilo gospel ao popular. Além de aulas de canto, alguns participantes do coral ainda têm aulas de instrumentos musicais, como violão e bateria.
Prestigiaram o desfile inclusivo, o presidente do Ceprosom Dionísio Gava Júnior; a presidente do Fundo Social de Solidariedade Luciana Sousa Gonçalves; os vereadores José Farid Zaine e Paulo Hadich; o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência Joaquim Lazari e o diretor do Teatro Vitória, Fábio Pentagrama, representando o secretário da Cultura, Adalberto Mansur.
Fotos: Wágner Morente
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