sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Gaviões atacam moradores do Parque Hipólito e órgãos não sabem o que fazer





Renata Reis - Moradores do Parque Hipólito, além de traumatizados, estão revoltados com a onda de ataques de gaviões, há dois meses, em área verde que fica entre o Expansão I e o II. Vários moradores já foram feridos, inclusive crianças e idosos. Normalmente, os gaviões atacam a cabeça das pessoas e até a ferem. Órgãos públicos não sabem o que fazer, já que as aves são protegidas por lei federal e qualquer ato que as agrida pode resultar em crime ambiental.
Há um ninho em um eucalipto, numa altura de cerca de 20 metros. A árvore fica bem ao lado da segunda passarela que corta o bairro. A reportagem esteve ontem no local e moradores abordados ou já foram vítimas ou conhecem inúmeras pessoas atacadas pelas aves.

Às 10h de ontem, um dos gaviões atacou a idosa Augusta Vieira. Com as garras, a ave prendeu os cabelos dela e bicou em cima de sua cabeça, que sangrou. Ela foi socorrida pela filha e levada ao hospital.

Embora assuste, este é apenas um caso. Miramar Dias contou que o marido, Orestes Dias, 52 anos, também teve a cabeça machucada na semana passada. “Não parava de sangrar. Os gaviões são muito agressivos”.

Elke Regina Bonelo tremia de tão nervosa que estava. A filha chorava. A passarela é bastante utilizada por moradores do Parque Hipólito Expansão I para levar as crianças que estudam na Escola Municipal Benedicta de Toledo, no Expansão II. “Não sei mais o que fazer. Já liguei em tudo quanto é lugar, no Corpo de Bombeiros, na Polícia, na Defesa Civil, entre tantos outros e nada foi feito até agora. Num primeiro momento, acham que é piada, mas não têm noção da gravidade da situação”. Quem precisa atravessar pela passarela não se esquece da sombrinha, que pode ser uma proteção. Guilherme Junior, 18 anos, estava de boné e mesmo assim o gavião avançou. A ave chegou a tirar-lhe o boné, mas não machucou.

PERDIDOS

Os moradores sentem-se perdidos e os órgãos competentes também, até porque se trata de uma situação peculiar. A Gazeta passou pelo mesmo drama de algumas pessoas. O primeiro contato foi com a Defesa Civil, que já notificou reclamações, mas encaminhou para o Pelotão Ambiental.

O Pelotão Ambiental está totalmente desestruturado. Não tem nem veículo para atender aos chamados. Mesmo assim, os agentes foram até o local dos ataques e constataram um ninho no alto do eucalipto e confirmaram que se trata de gaviões.

O coordenador do Pelotão, Dimas Xavier, diz que, pelo fato de as aves silvestres serem protegidas pela lei federal 9.605, não pode fazer apreensão ou tomar qualquer outra atitude sem autorização dos órgãos competentes. As reclamações foram documentadas e serão encaminhadas para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O secretário da pasta, Domingos Furgione Filho, já tem ciência da situação e diz que aguarda recomendações da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo pelos motivos especificados por Xavier. “Precisamos saber o que podemos fazer. Por enquanto, a recomendação é para que os moradores evitem atravessar a passarela que fica próximo à árvore com ninho”, ressalta.

HÁBITAT

Qual a explicação para os ataques? Iraci Pizani, 70 anos, já viu muita gente machucada pelos gaviões e, mesmo sem manter contato com especialistas, defende a ideia de que é o homem que tem atacado as aves. “A área urbana tem ficado cada vez maior e a natureza sendo desrespeitada. Devemos esperar o que mais? As aves defendem os seus filhotes. Elas veem as pessoas passando por aqui e acham que são uma ameaça”, diz.

O coordenador do Pelotão Ambiental concorda. Mas disse também a preservação da vida humana prevalece e a situação abre um leque de discussões. “Aguardamos alguma determinação porque não se trata de um caso simples”.
A alguns metros, há outra passarela. A orientação é para que os moradores a utilizem até que uma atitude, que afirmaram ser rápida, seja tomada.

Fotos: Mário Roberto

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