Uma tentativa de assalto às 18h de anteontem poderia ter se tornado em tragédia por causa da reação inesperada da vítima. A secretária E.C.M., 37, foi abordada por um desconhecido armado que anunciou o roubo do Crossfox preto, DZY-6713/Santos. Ela jogou a chave do veículo para dentro da residência. Depois de invadir o imóvel e apontar a arma para seu sobrinho de 10 anos, o ladrão fugiu levando o carro. T.A.S., 25, morador de Campinas foi preso em um posto de combustível às margens do km 140 da Rodovia Anhangüera (SP-330).
“Passei a noite inteira pensando como pude colocar meu sobrinho de apenas 10 anos em perigo”, declarou a secretária ontem, em entrevista por telefone à Gazeta. O caso começou quando a secretária chegava à casa da irmã, no Jardim Presidente Dutra. Ela parou o carro, buzinou para que o portão fosse aberto e saiu do carro para pegar um guarda-chuva. Ela estava lá para pegar os sobrinhos a fim de ir à igreja. Neste momento, o marginal a abordou anunciando o assalto. “Imaginei que o ladrão estava brincando. Nem quando vi a arma “caiu a ficha” de que era um assalto”, falou ela.
Talvez seja por isso que ela teve uma reação inesperada. Ela jogou a chave do veículo por cima do muro da residência. “Neste momento poderia ter me matado, mas ele estava disposto a levar o carro que tanto é que arrombou o portão e foi atrás da chave”, disse ela.
A chave foi parar na mão do sobrinho que saía e o ladrão partiu para cima da criança. “Ele apontou a arma para a cabeça do meu sobrinho e gritava pedindo a chave. Minha irmã [mãe do garoto] mandava entregar a chave para o ladrão”. E foi isso que fez. O marginal não estava satisfeito ainda e voltou para cima da secretária, que gritava na rua por socorro. “Ele falou que eu tava fazendo muito escândalo e apontou a arma para minha cabeça. Ouvi engatilhando a arma e neste momento fechei os olhos e pedi para Deus me salvar. Quando abri os olhos, o ladrão já estava dentro do carro para levá-lo”, declarou ela.
Depois da fuga do marginal, a vítima foi informada por populares que uma Montana Prata estava na cobertura da ação e que fugiu junto com o ladrão. “ Hoje [ontem] cedo fechei os olhos e tentei lembrar do caminho que fiz. Tenho a impressão que cruzei com o carro do ladrão perto do supermercado do bairro’, afirmou a secretária.
A Polícia Militar foi acionada pelos vizinhos e o Centro de Operações da PM informou às viaturas as características do veículo levado. A Polícia Militar Rodoviária também foi comunicada.
GASOLINA
Um detalhe fundamental permitiu que a equipe do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) fizesse a prisão. O veículo estava com pouco combustível, e o marginal teve de parar no posto localizado no km 140 da Rodovia Anhangüera (SP-330) para abastecê-lo. Neste momento, o cabo Sedano abordou o marginal, que alegou ter encontrado o veículo abandonado na rodovia.
Detido e encaminhado ao plantão de polícia, T. foi prontamente reconhecido pela secretária como autor do roubo, sendo autuado em flagrante pelo crime.
TRAUMAS
A psicóloga clínica e terapeuta comportamental Maria Rita Lemos afirmou que uma criança de 10 anos pode ter danos psicológicos no futuro com relação ao local onde tudo aconteceu ou locais parecidos.
A vítima afirmou que o menino fez questão de ir à aula na manhã de ontem por ter medo que o ladrão retornasse à casa. Este tipo de estresse pós-traumático pode ser amenizado com sessões de terapia comportamental, quando o terapeuta tentará desfazer a associação que é feita entre o medo que a pessoa tem e o local, através do relaxamento.
A psicóloga afirma que até cheiros podem reativar o trauma. Segundo Maria Rita, é normal a criança ter medo alguns dias depois do ocorrido, mas se este trauma durar muito tempo, o melhor é procurar ajuda médica.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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