sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Suspeita de tentar matar filha diz que agressões começaram em novembro

Em depoimento prestado ao delegado interino de Iracemápolis, Alexandre Socolowski, a dona de casa P.S.S.A., 20, afirmou que a primeira agressão contra a filha de apenas oito meses ocorreu em novembro, durante uma discussão com o pai da criança, R.S.A.,23. A Gazeta teve acesso ao depoimento da mãe que confessa as agressões.

Desde então, segundo ela, não levou a criança ao médico, pois a criança não chorava em razão disso. A mãe alega que, durante a discussão, a filha começou a chorar. Pegou a criança pelo braço, chacoalhou-a e deu tapas em sua cabeça. Estes atos teriam causado fratura no braço direito da menina e ferimentos na cabeça.

Em dezembro, depois do Natal, P. levou a filha ao PS do hospital local, pois a menina convulsionava com frequência. Na ocasião, segundo consta em depoimento, ela omitiu ao médico, que atendeu ao bebê, as agressões de novembro. Diante do quadro clínico, o médico do PS recomendou que a mãe procurasse um pediatra.

Já no dia 22 de janeiro, a menina deu entrada de urgência na Santa Casa de Limeira e foi submetida a um procedimento cirúrgico para reverter um quadro de hidrocefalia. Existem duas classificações dessa condição. A congênita, que está presente no nascimento, e a adquirida, que é resultante de traumas ou doenças que acontecem durante ou depois do nascimento. A operação a qual o bebê foi submetido consiste na colocação de uma válvula conhecida como “derivação”, que é inserida em uma cavidade do cérebro por uma entrada no crânio.

Possivelmente, a mãe procurou um pediatra no hospital de Limeira, que teria detectado a hidrocefalia e já encaminhou o bebê, em regime de urgência, para o neuropediatra que fez a operação. Segundo apurado pela Gazeta, a criança ficou internada até o dia 27, quando recebeu alta e voltou para Iracemápolis. Dois dias depois, na última sexta feira, a avó materna, que mora na zona rural de Limeira, recebeu denúncia de que a neta não estava bem e que era para ela procurar um médico, pois a criança corria risco de morte.

A criança foi levada ao PS do hospital do município. O médico que atendeu ao bebê receitou analgésico e a encaminhou a um neuropediatra. Na terça feira passada, a assistente social da Santa Casa acionou o Conselho Tutelar e comunicou que a menina poderia ter sido vítima de violência, pois ela apresentava vários hematomas no local da primeira cirurgia. Silmara Aparecida Martin, conselheira tutelar que conversou com a Gazeta na tarde de ontem, falou que foi ao hospital falar com a avó, que não soube dizer o que teria causado as marcas na criança.

CONSTATAÇÕES

tomografia realizada pela equipe que atendeu a criança constatou que os dois braços estavam fraturados. O direito, já calcificado de forma errada, e o esquerdo com o osso todo moído numa fratura recente. O médico submeteu a criança a uma nova cirurgia, desta vez para reparar os danos causados na válvula recém-colocada no bebê.
No final da tarde da terça, Silmara, acompanhada de mais uma conselheira e de uma guarda municipal, foram à residência da mãe para conversar com P. “Ela [a mãe] estava nervosa, agitada e quando foi questionada sobre o que tinha acontecido, começou a gritar que jamais faria algo com a filha e que foi à Santa Casa que teria fraturado os braços da criança”, alegou Silmara. Na saída da casa, as conselheiras foram abordadas pelo avô materno, pedindo ajuda, porque a neta tinha sido vítima de violência.

A Polícia Civil de Iracemápolis foi acionada logo depois pelas conselheiras. “Depois de sair da delegacia, fui à Santa Casa e recomendei que ninguém da família tivesse acesso à criança, pois considerava um perigo a mãe ficar perto dela”, alegou Silmara. A mãe tinha saído da cidade vizinha para ficar com o bebê durante a noite e foi impedida.

Anteontem à tarde, P. prestou depoimento à Polícia e confessou a autoria das agressões. O pai foi ouvido e negou que tivesse presenciado as agressões da mãe. “A única coisa que o pai disse que viu foi a mãe chacoalhando o bebê em novembro”, afirmou o delegado Alexandre Socolowski, que pediu também a prisão do pai, o que foi negado pelo juiz Luiz Augusto Barrichello Neto. A mãe continua detida na delegacia do município. A prisão temporária dela é de cinco dias, renováveis por mais cinco. “Temos este período para esclarecer os fatos”, finalizou o delegado. (CG)

Bebê se recupera bem e
não corre risco de morte


A Santa Casa de Limeira, que foi elogiada pela conselheira tutelar pelo tratamento que vem dando ao bebê, informou ontem à tarde que a menina permanece na UTI pediátrica pelo fato de não ter quem a acompanhe no quarto.

O quadro de saúde dela, que está com os dois braços engessados, é estável, não corre mais risco de morte e só não foi para o quarto porque na UTI ela é monitorada 24 horas. Policiais civis e as conselheiras do município visitaram a criança, que já está consciente e se recupera bem.

A Justiça proibiu o pai de visitar o bebê. Somente uma pessoa da família está autorizada a chegar perto da criança. “Como está com os braços engessados, quando cheguei ao hospital, ela mexia as perninhas para brincar com a gente. Deu até vontade chorar”, comentou a conselheira. Com relação ao futuro dela, a conselheira disse que é incerto. “Primeiro temos que pensar na recuperação, depois cabe ao juiz decidir quem vai ficar com ela”, finalizou Silmara.

Entenda o caso.

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