sábado, 7 de agosto de 2010

Em vigor há 4 anos, lei tornou mulher mais segura, mas a violência ainda é alta

Cláudia Kojin - Durante anos uma limeirense, que chamaremos de Maria, sofreu violência verbal - o marido a maltratava diariamente. Ela sofria e os dois filhos também não aguentavam mais vê-la sofrer. Cansada de tanta humilhação decidiu procurar ajuda amparada na lei de combate à violência doméstica, também conhecida como Maria da Penha, que completa hoje quatro anos de existência.

A situação financeira estável do casal foi um problema a princípio, já que Maria acreditava que não teria condições de sustentar a si e os filhos. Mas a dor era maior e decidiu denunciá-lo. Maria foi à Delegacia da Mulher e fez boletim de ocorrência. Ela e os filhos foram encaminhados para a Casa de Acolhimento Provisório da Mulher Vítima de Violência em Limeira, enquanto o caso era enviado à Justiça. Na entidade, recebeu apoio e começou um longo trabalho de resgate. Quando conseguiu enxergar que era uma pessoa que merecia respeito a vida começou a mudar.

A equipe da casa também auxiliou o marido. Na terceira conversa, propuseram um nova tentativa entre o casal. A realidade que no início poderia ser trágica tomou outro rumo e eles decidiram tentar novamente. Hoje, vivem felizes e são acompanhados pela equipe da coordenadora da Casa e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Ana Helena Fleury Bonini.

Ana comenta que esta é uma das poucas histórias reais de violência contra a mulher que têm final feliz. Ela afirma que a violência pode ser psicológica, física, moral, sexual e patrimonial e, o que é pior, atinge todas as classes sociais, porém, nas mais altas, não existem denúncias. Na visão da especialista, Limeira é uma cidade onde há alto índice de mulheres que sofrem de violência doméstica.”Os números de casos no abrigo e outros que sabemos, mas não são revelados, demonstram que Limeira é uma cidade violenta”, completa. O abrigo não tem preconceito, informa, atende todas as mulheres e filhos com uma equipe formada de assistente social e pedagoga. “São 12 casos por mês”,diz entristecida.

Depois que a vítima se sente segura, o trabalho de orientação e ajuda começa. “É realizada uma avaliação para decidir quais ações serão tomadas como encaminhamento para a psicóloga, psiquiatra e a programas sociais de geração de renda”, conta.

Aos poucos, a mulher vítima de violência restabelece um vínculo com o mundo de forma segura e dá início a uma nova vida. “Trocar a violência pela liberdade é o tema da Casa”, diz a coordenadora.
A violência à mulher, segundo explica, é um problema cultural e social. “Social porque atinge todas as classes sociais e envolve desde problemas financeiros até alcoolismo e drogas. E cultural porque somos ainda um País machista”, define.

Para Ana, a lei sancionada em 7 de agosto de 2006 acumulou efeitos positivos contra esse delito. “Hoje, a mulher tem a quem recorrer e se sente segura ao denunciar”, argumenta. A Casa além de oferecer auxílio também realiza um trabalho de conscientização, que muitas vezes resulta na mudança de atitude do agressor e da vítima que pode resultar a volta do casal e um final feliz. Porém, Ana ressalta que esses ainda são pouquissímos casos, já que é necessária uma mudança de atitude do parceiro.

Sobre a lei, Ana destaca que para a mulher é um refúgio. “Nos dois anos de funcionamento da Casa, já atendemos cerca de 434 mulheres vítimas de violência”.

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