segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sacolas biodegradáveis têm custo inviável, dizem supermercadistas

Cláudia Kojin / Cláudia Trento - Os consumidores limeirenses vão demorar para ter à disposição sacolas de compras biodegradáveis nos supermercados. O alto custo da embalagem ecológica de matéria orgânica ou menos poluente é apontada pelos supermercadistas como inviável devido ao alto custo. A opção é oferecer ao cliente as sacolas de algodão, que apesar de ser bem aceitas pelos consumidores, não são reutilizadas.

Segundo o gerente de Marketing do Supermercado Sempre Vale, Gil Vieira, o consumo de sacolas de algodão tem aumentado gradativamente, embora apenas 1% dos clientes retornem para novas compras. “Estes dados fazem parte de estudo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e Ministério do Meio Ambiente”, completou.

As sacolas de algodão comercializadas nos supermercados ao preço de R$ 4,99, em média, ainda são pouco práticas na hora de uma compra maior, segundo o gerente, que ainda destaca que, equivocadamente, os supermercadistas são tidos como vilões ao oferecerem aos seus clientes as tradicionais sacolas de plástico.

Ao custo médio de R$ 0,07 ao lojista, a sacola de plástico é oferecida de graça aos consumidores. “Ainda que a passos lentos, a maioria do comércio tem demonstrado preocupação com a questão ao oferecer alternativas ecológicas às embalagens para o transporte manual doméstico, como caixas de papelão, sacos de papel e sacolas de tecido de algodão ou de fibras sintéticas duráveis”, conta o gerente.

As sacolas biodegradáveis custam 30% mais para os lojistas, embora a decomposição seja menos de um ano no meio ambiente. Como alternativa, o mercado sinaliza com uma novidade controversa: as sacolas oxibiodegradáveis, que são produzidas com a mesma matéria-prima e formulação das sacolas plásticas convencionais, porém, é adicionada na sua produção uma substância aceleradora da decomposição, que reduz a compostagem para 18 meses. O custo ao lojista ainda é caro: chega a cinco vezes mais que a sacola plástica comum.

AGRESSÃO AO MEIO AMBIENTE

Entretanto, estudos dos fabricantes da matéria-prima do plástico oxibiodegradável atestam que elas apenas degradam-se mais rápido, mas não livram o meio ambiente de agressão. Vieira diz que na compra de um milhão de sacolas plásticas por mês, sai para o supermercadista por R$ 70 mil ao mês. “Que não é repassado para o consumidor”, acrescenta. A biodegradável sairia a R$ 92 mil, enquanto a oxibiodegradáveis em torno de R$ 500 mil. “Os valores da bio e oxibiodegradável teriam que ser repassados ao cliente”, argumenta. Ele ainda destaca que as sacolas de algodão são vendidas nos supermercados 40% a menos que no atacado.

Estudos da Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2008, revelam que o plástico toma conta do planeta desde sua invenção em 1862. Dos consumidores entrevistados pela UFC, 70% não estão dispostos a levar ao supermercado uma outra alternativa para carregar suas mercadorias no lugar da sacola plástica. Dos pesquisados, 55% revelam que mudariam de supermercado se a loja habitual de compra deixasse de oferecer a sacola plástica.

Os consumidores limeirenses até sabem o risco que a sacola plástica traz ao meio ambiente, porém, na hora da praticidade do dia a dia, optam por ela. A professora Maria Cláudia Nunes Stefanel confessou usar a sacola plástica por morar em apartamento e facilitar na hora de descarregar as compras do veículo e levá-las para sua residência. “Se eu morasse em casa, escolheria as caixas de papelão, muito mais úteis, além de ajudar o meio ambiente”, salientou.

Outra consumidora, que preferiu não ser identificada, disse que a sacola plástica é mais prática e ideal para as compras de maior volume, pois, caso contrário, teriam que disponibilizar muitas caixas para carregar as mercadorias.
Já a arquiteta e artista plástica Paula Pittia, procura sempre levar a sacola de algodão nas compras. “É claro que, em muitos casos, esqueço a sacola em casa. Nessas ocasiões, uso a de plástico mesmo, mas não gosto”, revelou.

SACOS DE LIXO

O estudo da universidade mostra que 90% dos entrevistados reutilizam as sacolas plásticas recebidas nos estabelecimentos. De acordo com as consumidoras entrevistadas, todas afirmaram que o destino das sacolas plásticas é tornarem-se sacos de lixo.

Entre as formas mais usadas estão acondicionamento de lixo, transporte de outros materiais e mercadorias. Os outros 10% dizem não reutilizar a sacolinha, jogando-as diretamente no lixo, embora 95% têm consciência de que o uso abusivo destas embalagens podem acarretar algum problema ambiental, segundo os dados da especialista Mayara Régia Alves de Almeida, autora do estudo na UFC, técnica em meio ambiente, bacharel em ciências biológicas e filosofia.

0 comentários: