terça-feira, 13 de julho de 2010

Paróquias começam a instalar câmeras, contratam seguro e fecham as portas

Renata Reis - O episódio ocorrido na Paróquia de Santa Terezinha, na última sexta-feira, quando um órgão foi incendiado e assustou fiéis, apenas reforçou medidas que a maioria das paróquias de Limeira já está adotando. Devido ao aumento da violência, cujos autores não têm poupado nem mesmo templos, até então considerados locais onde se encontra a paz, estão sendo instaladas câmeras de segurança. Os padres também têm contratado seguros contra furtos e roubos e muitas igrejas já fecham suas portas.

A Paróquia de Santa Terezinha era uma das poucas que mantinham as portas abertas do início da manhã até o encerramento das atividades à noite. O padre Arlindo Degáspari ainda não se reuniu com membros do conselho da igreja (encontro deve ocorrer nesta quinta-feira), e, embora seja contra, se for da vontade de todos, haverá horário certo para os fiéis orarem na igreja. “Por enquanto, pela manhã, já há uma funcionária que verifica se há alguma anormalidade até a chegada do secretário, à tarde”, conta. Uma fiel, Andréia Fister, já doou um órgão à igreja.

O padre conta que ainda não foram contabilizados os prejuízos. De acordo com ele, dois ventiladores que ficavam sobre o instrumento musical derreteram. A aparelhagem de som dos violões também foi danificada, mas, para o padre, o maior prejuízo será com a pintura. “As paredes ficaram pretas e não adianta pintar apenas essa parte”, diz.

Para Degáspari, o incêndio foi provocado. Ele contou que este não foi o único ato de vandalismo na igreja nos últimos tempos. O maior alvo tem sido os cofres (caixinhas de doações), que constantemente estavam sendo arrombados. O padre cogita a hipótese de o autor não ter encontrado dinheiro na caixinha e ateou fogo. “Em várias outras situações, observamos que essas pessoas mal-intencionadas fingem que estão em oração, ajoelhadas, próximas às caixinhas”, descreve. Por isso, a paróquia não dispõe mais desses cofres. Os fiéis foram orientados a doar diretamente na secretaria.

OUTRAS PARÓQUIAS

O vigário-geral da Diocese de Limeira, padre Reynaldo Ferreira de Mello, conta que, na época de Dom Augusto Zini Filho, há pouco mais de três anos, as paróquias mantinham as portas abertas durante todo o dia, mas, devido aos constantes furtos, principalmente dos cofrinhos, a maioria começou a adotar medidas mais drásticas. “Muitas já têm câmeras de segurança. Outras contrataram seguro contra furto, roubo e até incêndios”, conta. Ele preferiu não revelar quais são essas igrejas, mas adiantou que as que ainda não tomaram essas medidas avaliam possibilidades e a realidade local. A tendência é que todas adotem os mesmos procedimentos.

Há paróquias que estão recebendo o dízimo por meio de cartões de débito e crédito. Há ainda as que, para chegar até a secretaria, o fiel tem que apertar a campainha. Na hora do almoço, à noite ou quando não há ninguém da administração, as portas são fechadas.

O vigário acredita que os autores dos delitos são viciados em drogas porque, em sua opinião, se a intenção é conseguir muito dinheiro, não se arriscariam em uma igreja. “Todos sabem que dependemos de doações do povo. É pouco dinheiro. Quantas e quantas vezes temos que realizar chás e quermesses para arrecadar fundos”. E, mesmo em dias de festas, segundo ele, há prejuízo. Anteontem, um fiel que ajudava na quermesse na Vila Queiroz teve seu carro furtado nas imediações.

Diante do aumento da violência, os padres pedem orações a essas pessoas. “Estamos trabalhando principalmente com crianças e adolescentes para que estas possam ser a esperança de um mundo melhor”.

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