terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ladrão engatilha arma na cabeça de vítimas

Uma tentativa de assalto às 18h de anteontem poderia ter se tornado em tragédia por causa da reação inesperada da vítima. A secretária E.C.M., 37, foi abordada por um desconhecido armado que anunciou o roubo do Crossfox preto, DZY-6713/Santos. Ela jogou a chave do veículo para dentro da residência. Depois de invadir o imóvel e apontar a arma para seu sobrinho de 10 anos, o ladrão fugiu levando o carro. T.A.S., 25, morador de Campinas foi preso em um posto de combustível às margens do km 140 da Rodovia Anhangüera (SP-330).

“Passei a noite inteira pensando como pude colocar meu sobrinho de apenas 10 anos em perigo”, declarou a secretária ontem, em entrevista por telefone à Gazeta. O caso começou quando a secretária chegava à casa da irmã, no Jardim Presidente Dutra. Ela parou o carro, buzinou para que o portão fosse aberto e saiu do carro para pegar um guarda-chuva. Ela estava lá para pegar os sobrinhos a fim de ir à igreja. Neste momento, o marginal a abordou anunciando o assalto. “Imaginei que o ladrão estava brincando. Nem quando vi a arma “caiu a ficha” de que era um assalto”, falou ela.

Talvez seja por isso que ela teve uma reação inesperada. Ela jogou a chave do veículo por cima do muro da residência. “Neste momento poderia ter me matado, mas ele estava disposto a levar o carro que tanto é que arrombou o portão e foi atrás da chave”, disse ela.

A chave foi parar na mão do sobrinho que saía e o ladrão partiu para cima da criança. “Ele apontou a arma para a cabeça do meu sobrinho e gritava pedindo a chave. Minha irmã [mãe do garoto] mandava entregar a chave para o ladrão”. E foi isso que fez. O marginal não estava satisfeito ainda e voltou para cima da secretária, que gritava na rua por socorro. “Ele falou que eu tava fazendo muito escândalo e apontou a arma para minha cabeça. Ouvi engatilhando a arma e neste momento fechei os olhos e pedi para Deus me salvar. Quando abri os olhos, o ladrão já estava dentro do carro para levá-lo”, declarou ela.

Depois da fuga do marginal, a vítima foi informada por populares que uma Montana Prata estava na cobertura da ação e que fugiu junto com o ladrão. “ Hoje [ontem] cedo fechei os olhos e tentei lembrar do caminho que fiz. Tenho a impressão que cruzei com o carro do ladrão perto do supermercado do bairro’, afirmou a secretária.

A Polícia Militar foi acionada pelos vizinhos e o Centro de Operações da PM informou às viaturas as características do veículo levado. A Polícia Militar Rodoviária também foi comunicada.

GASOLINA

Um detalhe fundamental permitiu que a equipe do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) fizesse a prisão. O veículo estava com pouco combustível, e o marginal teve de parar no posto localizado no km 140 da Rodovia Anhangüera (SP-330) para abastecê-lo. Neste momento, o cabo Sedano abordou o marginal, que alegou ter encontrado o veículo abandonado na rodovia.

Detido e encaminhado ao plantão de polícia, T. foi prontamente reconhecido pela secretária como autor do roubo, sendo autuado em flagrante pelo crime.


TRAUMAS

A psicóloga clínica e terapeuta comportamental Maria Rita Lemos afirmou que uma criança de 10 anos pode ter danos psicológicos no futuro com relação ao local onde tudo aconteceu ou locais parecidos.

A vítima afirmou que o menino fez questão de ir à aula na manhã de ontem por ter medo que o ladrão retornasse à casa. Este tipo de estresse pós-traumático pode ser amenizado com sessões de terapia comportamental, quando o terapeuta tentará desfazer a associação que é feita entre o medo que a pessoa tem e o local, através do relaxamento.

A psicóloga afirma que até cheiros podem reativar o trauma. Segundo Maria Rita, é normal a criança ter medo alguns dias depois do ocorrido, mas se este trauma durar muito tempo, o melhor é procurar ajuda médica.

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